INTENÇÃO POÉTICA: Por que soltamos uma pipa quando sabemos que temos que trazer ela de volta no final? Por que simplesmente não amarramos nossas pipas em um mastro e deixamos voar para sempre, como bandeiras hasteadas? Acho que baixamos nossas pipas para podermos fazê-las subir novamente, porque a experiência de soltar uma pipa é como tudo que valorizamos neste mundo, todas as coisas boas chegam ao fim em algum momento, porque tudo e todos precisam seguir em frente.
Esta peça foi escrita a partir desse questionamento. Da tensão entre segurar e deixar ir, entre o que o vento leva e o que permanece puxando a linha dentro de nós. A pipa é só o pretexto visível: o que realmente se move aqui é o modo como revisitamos o passado enquanto tentamos existir no presente. Tudo o que amamos um dia precisa seguir. E talvez o teatro seja justamente esse lugar onde, por alguns minutos, seguramos a linha outra vez.